segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Cobrador Malvado.

Sábado pela manhã minha cabeça pifou. É, pifou mesmo, parou de funcionar por uns minutos. Até ônibus errado eu peguei. Li T6, contudo, o letreiro estampava um 5. Só me dei conta do que havia feito quando ele passou na frente do HPS e dobrou uma rua bonita à direita.

- Isso aqui não é T6? - perguntei pra uma mulher ao meu lado.

- 5... Esse é T5! - respondeu ela, achando graça.

Dei sinal para que o motorista parasse. Parou, porém, muito longe da Protásio. Uns 5 minutos caminhando naquele sol. Caminhei pela rua bonita; subi um pouco, desci bastante. Cheguei à Protásio e fiquei lá, na frente da Redenção esperando meu ônibus. Agora um que não havia junção de letra e número, pra confundir. Até que não demorou, aliás, dificilmente os ônibus tem me deixado na mão: encosto na parada, chega um ônibus. Entrei no ônibus correndo, tava estressado, cansado, talvez até estivesse triste. É, estava triste. Paguei a passagem e agradeci o cobrador. Antes não tivesse agradecido! O infeliz fez-se de surdo, me olhou e calou-se. Provavelmente estava com problemas, mas e daí? Eu estava atormentado, e nem por isso deixei de pôr em prática os bons modos que minha mãe me deu. Mas enfim, já havia agradecido, agora só me restava odiá-lo. Sentei num banco sozinho, no canto em que tinha sombra. Gosto daqueles banquinhos que ficam sozinhos, são bons, são separados. Seguindo o caminho uma coisa continuava me atormentando: O cobrador malvado. O homem era um robô. Pegava a grana, devolvia o troco quando necessário, liberava a roleta e nada mais. Só abriu a boca uma vez; pra xingar um guri que pediu pra passar por baixo. Que homem desprezível. Filho do demo. Quando desci do ônibus já nem lembrava mais do Cobrador Malvado. No domingo eu fui para a casa do meu primo e assisti o GREnal vencido, injustamente, pela equipe alvirubra que fora inferior durante toda a partida. Lá assisti o GREnal, lá dormi. Só voltei para casa no dia seguinte, pela manhã. Peguei o T4, agora acertei no Tnúmero, e desci em frente ao SESC. Como já se tornou praxe; encostei na parada, chegou um ônibus. Para minha surpresa: O Cobrador Malvado. Paguei a passagem, ele liberou a roleta e ,novamente, para minha surpresa: me agradeceu. Confesso que na hora fiquei tonto, nem parecia o mesmo homem de dois dias antes. Fora muito educado, sorriu, fez um sinal com a cabeça e supreendentemente me agradeceu! E assim ele foi com todos os outros que subiram no ônibus depois de mim: sorria, fazia o sinal com a cabeça, e agradecia. Quase perto de eu descer, um homem de meia idade que aparentava conhecer o Cobrador Malvado subiu no ônibus. Comprimentou-o e perguntou:

- Vem cá, e o GreNal ontem?

- Maravilha tchê, maravilha! - respondeu o cobrador sorrindo.


Realmente, um GreNal muda muita coisa.

Um comentário:

  1. gostei do "restava odiá-lo" ali.
    porém não gostei do "malvado", parece que tu tem 9 anos.

    nota 7.8

    beijinho!

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