terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Insônia.

O relógio já marcava quase 04:30, da madrugada, e eu ainda estava ali. Uma sala escura, uma cadeira incômoda, um adolescente semi-nu e um computador já cansado de funcionar. Seria esse o cenário se eu fosse descrevê-lo. Foi preciso vivenciar tal momento, pra perceber o quão detestável é a vida de um desocupado com insônia. - Segunda-feira, calor, essa hora... Eu queria era estar dormindo - pensei comigo mesmo, por inúmeras vezes. Uma caminhada até o banheiro, outra até a porta dos fundos... Mas nada, realmente nada, parecia adiantar naquele noite tão quente, extensa...Maçante!
Incrível como as coisas, por alguns instantes, haviam perdido o sentido. Piscando incessantemente, clamando por atenção, as janelinhas do msn não cintilavam mais com "aquele" laranja de mais cedo. Então, optei por não compartilhar com mais ninguém esse meu sofrimento. Desliguei o computador e livrei o pobre de ficar "acordado" junto a mim. Voltando a caminhar pela casa, fui à geladeira, indo de encontro a uma tão deliciosa garrafa de Coca Cola... Mas nem mesmo o "líquido sagrado" tinha sabor naquele momento, e acabou indo ralo abaixo... Transportando a garrafa de volta à geladeira me deparei com um doce que eu comera, sozinho, durante toda a tarde. - MARAVILHA! - Falei, deixando claro que aquilo realmente me deixara satisfeito... Uma, duas, três colheres dentro de um pote... - Por que não quatro? - Pensei, sorrindo. Guardei o doce na geladeira e tratei então de pegar uma colher. Bem pequena, pra que eu pudesse comer o doce lentamente, até o sono chegar... Feito uma criança, me sentei com a companhia apenas do tão maravilhoso doce. Novamente, uma colherada, duas, três... Mas agora o doce não parecia mais tão saboroso. Por mais que eu tentasse, a quarta colherada parecia ser algo muito distante... Incrivelmente nem o doce tinha o mesmo sabor naquela noite. Atônito, sem entender o que acontecera, guardei-o na geladeira com a esperança de que pudese comê-lo na manhã seguinte, com o mesmo sabor de antes. Apaguei definitivamente todas as luzes da casa e me deitei. E depois de alguns minutos pude então sentir o maravilhoso sabor do sono...



Ficou muito ruim isso aqui. Tive que pôr algumas coisas meio nada a ver pra não ficar muito curto.


PS: Eu comi hoje o doce. Aliás, muito bom ele.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Um bom brasileiro.


Com os olhos no computador e os ouvidos na televisão, não pude evitar de me interessar pela notícia que o Jornal da Globo começaria a exibir. Algo que falava sobre os presos, do regime semi-aberto, que saíram nesse Natal. A reportagem começou bem normal. Dando algumas informações sobre o procedimento. - Nesse Natal, cerca de 1200 presos, só aqui em Brasília, tiveram o direito do chamado "saidão". - Disse uma querida reporter local, que continuou dando as informações, citando também, que esse direito se tratava de uma saída de um período de 48 horas em liberdade, exclusiva para presos com um bom comportamento no semi-aberto, às vésperas do Natal. Após ouvir em silêncio todas as informações dadas pela reporter, que mantivera sempre o semblante jovial, pensei o quão deveria ser legal aquilo. Especialmente pra uma família. Confesso que por uns instantes até sorri, realmente feliz pelos pobres desgraçados. Após alguns décimos de segundo suspirando, me virei. Voltando assim, novamente, toda atenção única e exclusivamente para o computador.
- Vejam agora essas imagens exclusivas, do circuito interno de uma loja... - Foi o que disse a Christiane Pelajo, voltando novamente minha atenção para a televisão. As imagens mostravam um rapaz entrando em uma loja e mostrando um papel, indicando que havia acabado de sair da prisão. O dono da Loja, super educado e caridoso, encheu umas duas sacolas e deu de presente pra o rapaz que foi embora. Novamente não consegui conter o sorriso pensando como havia evoluído esse meu Brasil! As imagens novamente voltaram para os estúdios da Globo, e logo, eu retornei minha atenção ao computador.
- Agora vejam essas imagens, do mesmo circuito interno, duas horas após às cenas já mostradas - Interrompeu-me novamente a Christiane Pelajo.
Agora as imagens eram diferentes. Só mantinham o personagem principal. O mesmo homem, usava como capuz o que outrora servia como camisa, entrou pelo telhado da loja, arrombou os cofres e fugiu... Levando assim seis mil reais , em dinheiro.



Esse é o Brasil, país do Carnaval... ♪

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Fica a dica.


Sei que eu já tinha escrito algo parecido, logo quando perdi as esperanças, mas agora vou escrever sentido realmente o "tapa na cara". Portanto ESTUDEM, seus filhos da puta, ESTUDEM. Cheguem na véspera de Natal com o sorriso que eu não vou chegar, na virada do ano podendo realmente chamá-lo de ano novo. Esqueçam tudo o que não for relacionado com a merda de futuro que lhes aguarda. Rodar não é o fim do mundo igual eu pensava. Todavia, está longe de ser a melhor coisa do mundo. 365 dias jogado fora.
Agora restou-me levantar a cabeça pra a bosta de ano que está por vir, e suportar os olhares avessos da minha família - especialmente do meu primo! - , e tentar ser paciente às críticas, conselhos e talvez até alguma forma de agressão física.

"Mas o que o velho me ensinou, eu jamais me esqueço... Seja lá como for, na vida TUDO TEM SEU PREÇO..." - Já dizia o Chorão.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Custe o que custe.


Os dias passam, o final do ano se aproxima, e o desejo da torcida Tricolor continua sendo o mesmo: Acordar com a notícia de que uma grande contratação desembarcou em Porto Alegre, pra ficar ao menos uma temporada no Estádio Olímpico. Mas os anos passam, as direções mudam, e as coisas permanecem intactas. A relação Olímpico e Salgado Filho não tem sido a mais doce para a massa gremista. O número de bons atletas que se despedem de Porto Alegre com destino à Europa, ou outros fortes centros do meio futebolístico, é muito maior do que os que de lá chegam para atuar na Azenha. Foi assim, na virada de 2006 para 2007 quando saíram Hugo e Herrera para chegada de Diego Souza. Também foi assim no ano seguinte, quando saíram Lucas, Carlos Eduardo, o próprio Diego Souza e o meia Tcheco (que viria atuar no Grêmio novamente, seis meses depois), para a chegada de ninguém.
Ao término de mais uma temporada, o sentimento gremista é claro. A torcida quer contratações que possam trazer títulos que outras gerações, melhores sucedidas trouxeram. Chega de presidentes omissos! O Grêmio precisa de um time para ter uma Arena, e não o contrário.

Rafael Carioca, Léo e William Magrão já se foram. Chega de segurar as pontas com pratas de casa, direção. Cadê o dinheiro dos tantos "novos Ronaldinhos"?

"John Travolta", o Bailarino Falante.

- Mas não cala boca esse animal! - Disse o homem, indicando com os olhos um cão que latia e pulava sem parar, na casa em frente à parada.
Um tanto constrangido, assenti sorrindo, como se o que ele dissera tivesse algum significado pra mim. Já irritado com a demora do ônibus conferi mais uma vez o horário, podendo assim confirmar que de fato havia um atraso. O homem não muito paciente, dava passos curtos, como de quem estivesse dançando.
- Mas que demora, Jesus Cristo, eu tô aqui faz o que? 20 minutos? Nada desse ônibus! Esse horário é normal? - Perguntou o homem em um tom crescente de voz, mostrando total indignação com a demora. Como quem não tinha idéia, conferi novamente o horário e confirmei ao homem que de fato o ônibus havia passado do horário. Fiquei por mais alguns instantes quieto, apenas observando o homem irado, dançando no meio da calçada... - Mas não cala a boca esse animal, percebeu? - Falou o homem, novamente referindo-se ao cachorro. Tenho que admitir que no momento o que eu mais queria era informá-lo que o time dos que não calavam a boca já tinha dois integrantes, mas optei por apenas sorrir e concordar novamente. Já cansado de um cão que não parava quieto, um homem que reclamava de tudo e um ônibus que não chegava nunca, me sentei na calçada, como se não houvesse mais ninguém em minha volta. Um grupo de adolescentes, na maioria do sexo masculino, entrou na rua sendo desde então observado pelo velho bailarino. O homem, agora em um tom zombeteiro, olhou-os até comentar:
- Ah, se fosse no meu tempo... Tu reparou? Elas ali, todas faceiras e os abobados conversando entre eles... Eu já chamava a mais bonitinha... - E por aí o homem foi seguindo, vangloriando-se por sentir-se o John Travolta brasileiro. Mas eu hei de admitir, agora o homem acabara com todo aquele meu semblante tímido e cansado, não pude evitar uma gargalhada desdenhosa.
- E tu, tem namorada? - Foi continuando o homem, ainda se vangloriando por ser "O cara" na adolescência. Novamente frio, respondi negativamente ao homem que não mudara em nenhum instante sua postura de garanhão antes de finalizar:
- Mas dá uns tiros por aí, né?
A primeira reação que tive foi de espanto. Será que esse homem me julgara um marginal apenas por estar cansado ao ponto de me sentar, feito um desabrigado, no meio da calçada? Antes de responder, fiquei alguns longos segundos quietos tentando achar outro significado à palavra "tiro" se não o disparo de uma arma. Até que me veio à cabeça que isso poderia ter algum significado para relacionamentos sem compromisso. - Então...- Deixou escapar o homem, um tanto aturdido pela minha demora. Mas me limitei a apenas rir novamente, deixando assim claro que não havia desejo algum, da minha parte, por aquele assunto. O homem calou-se. Até que o barulho daquele que era o nosso único interesse em comum fez-se ouvir dobrando a esquina. O homem em pulo soltou um grito, agradecendo aos céus, fez sinal pra que o ônibus parasse e assim fomos embora... Agora afastados o máximo possível.



Isso aconteceu já faz um certo tempo, mas tive preguiça de falar a respeito.

A extinta gentileza.

Acho que fazia muito tempo que eu não me sentia feliz, comigo mesmo, por tão pouca coisa. Quem diria que um senhor desnorteado, atrapalhando a minha leitura, seria capaz de me causar tão boa sensação?
- Com licença guri, tu saberia me dizer como eu faço pra chegar na protásio? - Perguntou ele, descendo do meu ônibus do meio-dia. Devo admitir que a primeira coisa que me veio à mente foi imaginar como ele pôde ter tamanha ousadia pra me desviar a atenção do livro que eu devorava com os olhos. Como eu queria ao invés de mandá-lo à Protásio, mandar onde minha educação não permitira. - À direita, depois à esquerda senhor. - Foi o que eu disse, voltando meus olhos para o livro que se mantera aberto em minhas mãos. O senhor agradeceu e vagarosamente se afastou a passos curtos, e um tanto cambaleantes. - Coitado! - Pensei comigo mesmo.
- Ei, moço! Tu de novo... - Me interrompeu o homem, novamente.
Mas será que ele ainda não vira que eu estava lendo? - E a Manoel Elias, dobro pra direita ou esquerda quando chegar na Protásio? - Continuou o velho.
Sem sequer olhar para o homem respondi e segui andando... Já bem afastados, ouvi o velho dizer em um tom moribundo:
- Obrigado meu filho, é de jovens igual a ti que esse mundo precisa!


Acho que nunca foi tão bom ser cortês com uma pessoa. Me senti realmente uma pessoa muito boa durante alguns minutos.

Cruelmente reprovado.

Não sei o que houve. Não sei mesmo... Ser reprovado sem sair do ensino fundamental nunca esteve nos meus planos. Pra não fugir à realidade, nunca pensei em ser reprovado, independente de nível escolar. Mas parece que por um tempo me fugiu todo senso de responsabilidade que eu havia formado quando mais guri. E como tudo na minha vida esse ano, termino como comecei... Não sei o que houve.

Seguidores