segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A extinta gentileza.

Acho que fazia muito tempo que eu não me sentia feliz, comigo mesmo, por tão pouca coisa. Quem diria que um senhor desnorteado, atrapalhando a minha leitura, seria capaz de me causar tão boa sensação?
- Com licença guri, tu saberia me dizer como eu faço pra chegar na protásio? - Perguntou ele, descendo do meu ônibus do meio-dia. Devo admitir que a primeira coisa que me veio à mente foi imaginar como ele pôde ter tamanha ousadia pra me desviar a atenção do livro que eu devorava com os olhos. Como eu queria ao invés de mandá-lo à Protásio, mandar onde minha educação não permitira. - À direita, depois à esquerda senhor. - Foi o que eu disse, voltando meus olhos para o livro que se mantera aberto em minhas mãos. O senhor agradeceu e vagarosamente se afastou a passos curtos, e um tanto cambaleantes. - Coitado! - Pensei comigo mesmo.
- Ei, moço! Tu de novo... - Me interrompeu o homem, novamente.
Mas será que ele ainda não vira que eu estava lendo? - E a Manoel Elias, dobro pra direita ou esquerda quando chegar na Protásio? - Continuou o velho.
Sem sequer olhar para o homem respondi e segui andando... Já bem afastados, ouvi o velho dizer em um tom moribundo:
- Obrigado meu filho, é de jovens igual a ti que esse mundo precisa!


Acho que nunca foi tão bom ser cortês com uma pessoa. Me senti realmente uma pessoa muito boa durante alguns minutos.

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